Arábia Saudita protesta contra criação de domínios .gay, .wine e .sucks

A justificativa seria de que tais terminações poderiam ofender ou até mesmo prejudicar a ordem pública e moral de diferentes religiões e culturas.

O Reino da Arábia Saudita se opôs nesta semana a uma variedade de novos domínios genéricos de alto nível (gTLDs), de “.porn” e “.sexy” a “.wine”, “.bar” e “.bible”, de acordo com registros da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN – acrônimo em inglês para Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números).

O conselho de administração da ICANN aprovou, em junho do ano passado, a expansão dos atuais 22 sufixos, e, inclusive, aprovou a criação de novos TLDs (sigla para ‘top-level domains’ ou domínios-raiz, em tradução livre) não-latinos e scripts não-ingleses.

A organização disse, no mesmo mês, que recebeu 1930 pedidos de extensões gTLDs (também conhecidas como “strings”), das quais 911 vieram da América do Norte e 675 da Europa. A companhia estendeu o período para comentários sobre aplicações por 45 dias, até 26 de setembro.

As cerca de 160 observações em nome da Arábia Saudita foram feitas por um “Abdul-majid” (“servo do glorioso”, em tradução livre), que é indicado para ser filiado ao CITC.

A Comissão de TI e Comunicação da Arábia Saudita (CITC) – órgão regulador de Tecnologia da Informação e Comunicações no país – se opôs às extensões “.gay” e pediu ao ICANN que recusasse o pedido do novo gTLD. “Muitas sociedades e culturas consideram a homossexualidade contrária à sua cultura, moralidade, ou religião”, disse o CITC. “A criação de um gTLD que promova a homossexualidade vai ser ofensivo para estas sociedades e culturas”, acrescentou.

O CITC também foi contra a criação da extensão “.sucks”, afirmando considerar que há o risco dessa terminação ser utilizada da mesma forma que o “.XXX” – ou seja, para hospedar sites pornográficos. Pelo mesmo motivo, eles se opuseram à criação do domínio “.baby”. O domínio proposto aumentaria a prevalência de linguagem ofensiva na web e, por sua vez, a exposição das pessoas – incluindo crianças – a palavrões.

Já quanto à terminação “.wine” (vinho, em tradução) o CITC teria justificado a oposição, porque promoveria “substâncias prejudiciais à ordem pública e da moral e proibida em um número considerável de religiões e culturas.”

O Reino também opôs-se ao “.Shia”, que se refere ao nome de uma seita muçulmana, afirmando que acredita que toda e qualquer aplicação de gTLD que se refira a qualquer comunidade específica deve ser apresentada a todos para avaliação antes de ser negada ou concedida. “Se esse procedimento não for possível de ser realizado, então esses nomes deveriam ter seu uso restringido por completo”, disse.

A Arábia Saudita adota uma argumentação semelhante ao exigir a rejeição da terminação “.catholic”, alegando que a Igreja Católica não deveria controlar o gTLD.

As pessoas de outros países têm também reclamaram sobre alguns dos gTLDs propostos, por exemplo, o “.patagonia” que é o nome de uma região geográfica e, por esse motivo, não deveria ser atribuído a uma empresa privada.

 

Por IDG Now! – Publicado em 16/08/2012

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